MULHERES NO CONSELHO: Médica e pesquisadora da UFRN consolida presença feminina na eleição do CRM
CHAPA 02: “Aceitei o desafio de integrar uma iniciativa transformadora, apoiada por docentes e profissionais de saúde com vasta trajetória de dedicação ao SUS e à educação médica de excelência”, diz a pediatra Nadja Dantas.
A base sólida adquirida em décadas de intenso trabalho na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, impulsionou a médica Nadja de Sá Pinto Dantas Rocha (CRM 1.702), a comprometer-se com a capacitação de profissionais em saúde, resultando em várias iniciativas, como o PITS, Saúde da Família, PMAQ, Mais Médicos, entre outras conquistas para a saúde da população Potiguar. Ações acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão na área de saúde coletiva, saúde da família e saúde da criança. Diretora acadêmica do Hospital de Pediatria da UFRN, atuando nas áreas de avaliação, cuidado, qualidade da atenção são as digitais deixadas pelas mãos da pediatra.
Esse legado lhe credenciou também para outras lutas históricas, muitas delas exitosas. E eis que agora surge mais uma pra sua conta: a disputa como candidata conselheira titular pela Chapa 02 (oposição) na eleição do CREMERN que acontece nos dias 14 e 15 de agosto.
Dra. Nadja é uma das dez mulheres candidatas que estão nessa jornada pela mudança no CRM, e sua presença foi bastante festejada pelos demais colegas. “A chegada de Nadja em nossa chapa mostra claramente que todos nós estamos prontos para assumir a gestão do conselho, ela é uma referência muito importante para o novo Cremern que propomos”, disse Dra. Socorro Morais.
“Fui profundamente identificada com a proposta da chapa, optei por unir-me a este projeto que valoriza a ciência, defende o movimento sanitário brasileiro e almeja um CRM robusto, engajado na melhoria e integridade das práticas médicas e na valorização da educação e do ambiente laboral dos profissionais de saúde”, avaliou.
“Nosso grupo é composto por indivíduos com comprovada experiência em gestão, formação e cuidado nas redes de atenção, todos com vínculos em universidades e serviços de saúde. Esta chapa destaca-se porque, nela, os médicos percebem a oportunidade de integrar um CRM que verdadeiramente os acolhe, defendendo sua prática profissional com democracia, ética e humanismo, sempre atenta às necessidades diárias dos diversos profissionais e das populações atendidas em todos os cenários e regiões”, afirmou.
Um desafio primordial para esta gestão do CRM é mapear as necessidades dos médicos do RN, analisando instituições formadoras, distribuição geográfica e a regulação tanto da formação quanto do mercado de trabalho. O CRM busca atuar de maneira transparente, elevando a qualificação dos médicos em todas as esferas da atenção à saúde, promovendo debates construtivos e ofertando respostas ágeis e eficazes aos desafios da profissão, sempre com inovação, controle social e monitoramento contínuo dos resultados.
“A aspiração é que o CRM esteja sintonizado com as demandas atuais, convidando todos os profissionais para uma reflexão profunda sobre nossas propostas. O objetivo é que o CRM aja proativamente, servindo como uma instituição formativa contínua, centrada nos profissionais e no bem-estar da população, sempre com foco em seus direitos e cidadania”, ressaltou a candidata.
Marcas históricas
O legado dessa notável profissional da medicina está cravado de forma cirúrgica em dois indiscutíveis pilares em seu currículo: 1) Educação Contínua na UFRN: “Engajei-me em diversos programas de especialização, incluindo residência médica em pediatria, saúde pública, epidemiologia e avaliação de sistemas de saúde. Além disso, conquistei títulos de mestrado e doutorado em saúde coletiva, sempre na UFRN. Esta formação extensiva proporcionou-me uma visão abrangente do processo saúde-doença, com ênfase nos determinantes sociais”, avaliou a pesquisadora.
2. Atuação na Reforma Sanitária Brasileira também teve sua presença na linha de frente: “Fui ativamente envolvida em movimentos pela reforma sanitária, marcada por minha participação na 8ª Conferência Nacional de Saúde em 1986. Contribuí com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), hoje reconhecido internacionalmente. Também ajudei a estabelecer o Estatuto da Criança e do Adolescente e focos na Atenção Primária em Saúde (APS/OMS), pilares dos sistemas universais de saúde”, pontuou.
Como líder de equipe, Dra. Nadja participou da fundação da SMS de Natal e sua rede assistencial desde 1986, promovendo inovação e municipalização em saúde. Defendendo uma educação médica voltada às reais necessidades de saúde da população, enfrentando muitas vezes perspectivas contrárias voltadas para interesses privatistas e comerciais.
“Desde o início, meu foco sempre foi o setor público, especificamente em saúde coletiva, saúde materno-infantil e planejamento em saúde. Um marco foi a implementação do Programa Saúde da Família em Natal nos anos 90, iniciando nos bairros de Felipe Camarão, Cidade Nova e Guarapes”, relembra Dra. Nadja.
Percorrendo os rincões do RN, a candidata da Chapa 02, dedicou-se em ações de saúde, sempre vinculada a setores progressistas como SESAP RN, SMS Natal e UFRN. “Minhas prioridades sempre se alinharam com o ensino, pesquisa e extensão, visando concretizar o SUS e os sistemas universais de saúde”.
Dra. Nadja atuou também na área de saúde infantil, participando ativamente, junto a outros profissionais e docentes, em ações formativas na SESAP RN, SMS Natal e no Departamento de Pediatria. Com foco na promoção dos direitos e a saúde infantil, combatendo a mortalidade infantil através de capacitações, como a atenção integrada às doenças prevalentes da infância (AIDPI) e a visita domiciliar nos primeiros cinco dias de vida, conhecida como semana de saúde integral. “Implantamos o Núcleo de Enfrentamento da Violência Infantil na UFRN, fortalecendo a linha de cuidado nas regiões de saúde do RN”.
Trajetória na Medicina:
Dra. Nadja Dantas completou seu curso médico na UFRN em 1981. Ela teve uma formação ampla, com especializações, mestrado e doutorado na UFRN, focando em saúde coletiva e pediatria. Participou de movimentos pela reforma sanitária brasileira, ajudando a moldar o Sistema Único de Saúde (SUS). A defesa da educação médica voltada para as necessidades de saúde da população foi uma constante em sua carreira.
Eleições CRM e a Chapa 02:
Dra. Nadja Dantas faz parte da chapa 2, porque apoia a ciência, a defesa do SUS e um CRM comprometido com as práticas do cuidado integral de qualidade. Defende a necessidade do CRM atender as demandas dos médicos e médicas em todo o RN. Acredita na formação e educação permanente que age, proativamente, em prol da saúde da população.
Perfil:
Dra. Nadja Dantas é uma médica aposentada, anteriormente docente na UFRN. Ela trabalhou em várias frentes para melhorar o setor de saúde no RN, especialmente para as populações vulneráveis. Pessoalmente, ela é a 12ª de 13 filhos e foi fortemente influenciada por seus pais, que a incentivaram na educação. Casada há 44 anos com Marconi de Lima Rocha, eles compartilham muitos projetos focados em saúde coletiva.
A pediatria na atualidade
Os desafios enfrentados incluem a necessidade de efetivar os direitos da criança, oferecer cuidado integral, enfrentar a redução de serviços pediátricos, combater as baixas taxas de vacinação e promover interações intersetoriais para garantir acesso amplo a serviços.
Desafios atuais para a saúde infantil incluem:
1. Consolidação dos Direitos do Estatuto da Criança e do Adolescente: É vital garantir o cuidado integral à criança, abrangendo promoção, prevenção, diagnóstico e reabilitação.
2. Intersetorialidade nas Políticas Públicas: Precisamos de políticas integradas que garantam às crianças acesso a creches, escolas, serviços de saúde, lazer, alimentação e nutrição, alinhadas ao conceito ampliado de saúde da OMS.
3. Descontinuação de Serviços Pediátricos: É preocupante o fechamento recente de serviços pediátricos especializados e hospitalares, evidenciando uma falta de priorização da saúde infantil.
4. Vacinação: As baixas taxas de cobertura vacinal, reflexo do descrédito e enfraquecimento do Programa Nacional de Imunização (PNI), são alarmantes. Esse programa, reconhecido mundialmente, protegeu e salvou inúmeras vidas. Apesar dos desafios, temos agora uma Ministra de Saúde comprometida em revitalizar e fortalecer o SUS com práticas baseadas em evidências científicas.