Ex-ministro da Justiça Anderson Torres viajou à Bahia em uma aeronave da Força Aérea Brasileira
Documentos obtidos com exclusividade pela CNN comprovam que o então ministro da Justiça Anderson Torres viajou à Bahia em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), seis dias antes do 2º turno das eleições presidenciais de 2022, para tratar de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
O primeiro documento mostra que Torres pegou o voo da FAB no Aeroporto do Galeão (RJ), no dia 24 de outubro, às 17h30, e chegou a Salvador duas horas depois. Outro papel obtido pela CNN mostra a reunião do então ministro com o superintendente da PF na Bahia, o delegado Leandro Almada. O encontro ocorreu no dia 25 de outubro, uma terça-feira da semana pré-eleição.
Segundo apuração da CNN, nessa reunião, Torres – que está preso desde janeiro após os atos criminosos de 8 de janeiro – teria pedido apoio da PF nos bloqueios que a Polícia Rodoviária Federal faria no 2ºturno das eleições presidenciais. A conversa foi confirmada à reportagem por fontes ligadas à PF e à PRF. A Polícia Federal na Bahia, no entanto, não participou da ação.
A viagem do então ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) ocorreu depois de ele ter obtido um documento, elaborado pela Diretoria de Inteligência do MJ, mostrando em quais municípios Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve mais votos no 1º turno.
A Bahia tem quase 11,3 milhões, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e o candidato petista conquistou 69,49% dos votos válidos do estado no dia 2 de outubro.
Para os investigadores da PF, que apuram essa viagem de Torres e suas consequências, o documento serviu para que o ex-ministro colocasse em prática o plano para atrapalhar a votação e autorizou a operação da PRF. Em 30 de outubro, eleitores de municípios do Nordeste – onde Lula teve mais votos do que Bolsonaro – usaram as redes sociais para denunciar ações da PRF, nas estradas da região, para retardar o trânsito rumo às zonas de votação.